Outra vez, o Banco Alimentar

Opinião de Inês Sá

Ines SaFoi numa das minhas visitas pelas redes sociais que me deparei com uma notícia que chamava a atenção para a gestão do Banco Alimentar de São Miguel estar a cargo da esposa de um ex-presidente do Governo Regional. Não me surpreendeu minimamente que na origem desta notícia, estivesse um site intitulado “Direita Política”, ou não estivéssemos nós em período pré-eleitoral, pelo contrário fiquei totalmente estarrecida com a quantidade de inverdades, de maledicência gratuita, de descredibilização, de que foi uma vez mais vitima esta instituição, à semelhança do que acontecera já a nível nacional aquando de uma declaração infeliz, da presidente do Banco Alimentar a nível nacional, Isabel Jonet.

No decorrer do enorme role de comentários, houve até quem alegasse que jamais contribuiria para esta instituição pelo facto de a mesma ser gerida pela pessoa visada. De estarrecida passei a incrédula, pela forma mesquinha como pensam algumas mentes! Cada um de nós age em consonância com os seus princípios, com a sua consciência, com a sua disponibilidade, financeira e temporal, e tal conduta é não só louvável, como legitima. O que não é de todo legítimo é justificarmos a nossa conduta com argumentos de tão baixo nível, sem qualquer semelhança com a realidade, até porque ao fazê-lo corremos sérios riscos de estar a ser tremendamente injustos com todos aqueles que lutam por esta causa, nomeadamente os trabalhadores desta casa e os voluntários ao serviço da mesma, mas principalmente com todos aqueles que precisam da ajuda que resulta desta causa. E são muitas as famílias carenciadas, que por vicissitudes da vida, recorrem a esta instituição para se alimentarem, para sobreviverem, para conseguirem dar aos seus filhos mais do que pão e água! Naturalmente que os corajosos que se sentem vitoriosos em atacar esta instituição, terão pouca ideia do que é isso de escassez de alimentos, de pobreza, de fome, e ainda bem que assim é, mas por favor coíbam-se de opinar sobre aquilo que desconhecem. Deixem o conforto da vossa cadeira, desliguem o portátil topo de gama, e dirijam-se ao Banco Alimentar de S. Miguel, conheçam quem lá trabalha, quem abdica de muito do seu tempo em prol de quem precisa, estou certa de que numa próxima oportunidade pensariam pelo menos duas vezes antes de atacarem esta instituição.

Só na ilha de S. Miguel existem quase 9.000 pessoas com carências alimentares comprovadas, que se socorrem do Banco Alimentar mensalmente e é este facto que deve ser relevado quando se decide apoiar ou não esta causa! De outra forma, qualquer que seja o julgamento na praça pública, este será inevitavelmente injusto, imoral, redutor, mesquinho, enfim, falso!

Bem sei que na ganância desenfreada pelo poder, da direita à esquerda, parece valer tudo mas não vale, meus Senhores! Discutam ideias, discordem destas, gritem para se fazerem ouvir, mas não se esqueçam do vosso principal papel que é o de servir o povo, o de estar ao lado dele, de lhe dar voz, de lhe garantir uma vida condigna, o acesso à justiça e à saúde, a garantia de um trabalho, de uma escola pública de qualidade, de uma ação social capaz e estruturada. Até porque quando perdem o Norte e partem para a calúnia, para a injúria, para o insulto, para o esmiuçar da vida pessoal de cada um dos atores, perdem não só a vossa credibilidade como atentam a democracia.

 

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