Reforçar a coesão numa perspectiva autonómica

Opinião de Sofia Ribeiro

sofia-ribeiroNa passada semana estive em jornada de trabalho em Santa Maria e na Graciosa, a contactar com diversas entidades e população locais, dando cumprimento ao meu compromisso de exercício de um mandato de proximidade.

Em Santa Maria, reuni com Agricultores, Lavradores, com a Cooperativa Agrícola, com elementos do Conselho de Ilha, com a Delegação da Câmara de Comércio e Indústria e com a Câmara Municipal.

Na Graciosa, reuni com as Associações Agrícola e de Pescadores e com dirigentes locais do PSD, e visitei a lota, no seu período de venda de pescado.

Esta jornada foi, portanto,marcada pela pluralidade exigida em iniciativas desta natureza, limitada pela dupla periferia que obriga a deslocações não tão regulares quanto desejaria a todas as ilhas dos Açores.

Nesta jornada de trabalho a duas das ilhas da coesão, constatei in loco que se verifica uma acentuada degradação dessa mesma coesão, fortemente associada a uma desesperança que resulta do envelhecimento da população, o que, para além das imediatas repercussões sociais, acarreta agravados constrangimentos de desenvolvimento das economias locais.

E se é verdade que muita obra (não exclusivamente no sentido físico) tem sido feita, essencialmente em decorrência da aplicação de fundos europeus, constata-se mesmo uma degradação destas Ilhas, em especial da Graciosa, por se encontrar mais isolada.

Não entrando em despiques entre ilhas (que a coesão implica, necessariamente, uma harmonia que decorre, ela própria, de uma comparação), verificamos que o fosso aumentou. Não porque tenha havido apenas uma descolagem evolutiva de uma ou outra ilha, o que contribuiria para o desenvolvimento do todo regional, mas porque houve uma regressão das condições económico-sociais das ilhas da coesão.

Não defendo uma aplicação meramente assistencialista das políticas de coesão. Não o faço na defesa da nossa Região, na Europa, nem o farei para as ilhas do nosso arquipélago, por entender que este mecanismo, para além de gerar dependências de variada tipologia, não contribui para o desenvolvimento autónomo dos locais e das populações.

Defendo uma diferenciação positiva que enfoque as potencialidades específicas de cada localidade no sentido de as exponenciar. Para isso, precisamos de pessoas, o que implica uma renovação geracional. São necessárias políticas sustentáveis de emprego, muito para além de estágios, bolsas e programas ocupacionais, mas que se articulem com as particularidades da economia local e com as potencialidades de desenvolvimento destas ilhas. E é aqui que entram os princípios mais basilares de estruturação do desenvolvimento.

É necessário reforçar a política de transporte de pessoas e de mercadorias, quer em termos de preços, quer de acessibilidade. Não se compreende que os empresários locais dos diversos ramos de actividade continuem fortemente condicionados na expedição e exportação dos seus produtos, porque não conseguem garantir transporte em tempo útil, nem mesmo confiar numa calendarização pré-definida, em que não são raros os casos em que, quando conseguem transportar os produtos para uma outra ilha de transbordo, já não conseguem garantir o transporte para fora desta. Para quando o avião cargueiro prometido?

Mas mais premente do que isso, é necessário garantir condições de equidade ao desenvolvimento nos diversos sectores de actividade, inseridas numa estratégia de política global regional que urge redefinir. Este é o verdadeiro reforço da Autonomia de que precisamos.

Que liberte os Açores dos mais diversos constrangimentos ao seu independente desenvolvimento, num reforço da coesão, mais do que o da revisão político-administrativa.

 

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