Eleições e Outros

Opinião de Inês Sá

Ines SaEleições

Não, não vou escrever sobre a estrondosa taxa de abstenção registada nestas últimas eleições. Não que não releve o assunto, não que não pense nele, mas porque acho que quem deve de facto pensar com seriedade neste assunto são todos os atores políticos, neste particular, da Região Autónoma dos Açores. A estes sugiro que se observem, que procurem identificar as razões que levam a que cada vez seja maior o foço entre a política e os interesses do cidadão comum, que se questionem sobre o porquê do desinteresse generalizado das suas condutas, dos seus ideais e até das suas promessas. Urge, no meu entender, um debate sério sobre este cenário, sobre esta crise de identidade, ou quem sabe excesso desta, de quase 70% da população residente nas nossas 9 ilhas deste arquipélago.

Escrita Criativa

À medida que a semana vai passando, vai diminuindo o tempo de que disponho para escrever alguma coisa de “tarelo” neste nosso cantinho. Alguém me dizia relativamente ao meu último artigo, que tinha ficado com a ideia de que aquele seria o último. Não. Nunca haverá um último. Escrever é a minha terapia, é através da escrita que me descubro, que melhor me expresso, que me consigo olhar por dentro, que desfruto do prazer de brincar com as palavras, tentando através destas chegar o mais longe possível, voar mesmo não tendo asas, gritar mesmo sem voz.

Foi exatamente esta minha paixão que me levou, pela primeira vez, a frequentar um Workshop de Escrita Criativa que decorreu recentemente na nossa Biblioteca Publica de Ponta Delgada, por iniciativa da “Escreviver Açores”, sob a orientação da escritora Margarida Fonseca Santos. Mulher bonita, singular, com uma expressividade encantadora e um dom largamente reconhecido para escrever. As palavras nas mãos dela rapidamente tomavam uma forma surpreendente, dançavam, riam, entrelaçavam-se e o resultado era sempre deslumbrante e enternecedor, quando proferido pela serenidade da sua voz. Percebi, ao fim de dois ou três exercícios, que no lado de cá havia colegas com uma grande capacidade de construir histórias, fictícias ou não, capazes de cativar até o leitor mais desinteressado. Fantástico, pensava eu. Senti-me rodeada de grandes talentos que, por motivos que desconheço, ainda não teriam tido a oportunidade de mostrar ao mundo aquela sua habilidade.

Durante aquele workshop fui sendo confrontada com as minhas limitações, cheguei mesmo a exprimir aquilo que sentia, aquilo que nesta minha paixão pela escrita não me permite ainda, ou nunca me permitirá, levar-me a dedicar-lhe mais atenção ou de alguma forma priorizar esta minha terapia. A verdade, é que eu não sei escrever aquilo que não sinto. Não tenho essa capacidade imaginativa de dar uma identidade a qualquer personagem, de me travestir da mesma, de a relacionar em consonância com as suas pseudo-caracteristicas. Talvez porque acima de tudo não é isto que procuro na escrita, não é esse exercício que me preenche, que me leva a sentar em frente ao computador em cada minuto disponível e teclar, desabafar, refletir, pensar, sonhar, mas nunca imaginar. Jamais serei uma escritora de qualquer tipo de ficção, ou uma contadora de histórias, sou e serei sempre alguém que, ainda em miúda, se deixou seduzir por esta forma de comunicar. Tão só e nada mais.

Mas como em quase tudo na minha vida, nem assim achei que aquele workshop de Escrita Criativa fosse tempo perdido. Tive a oportunidade de conhecer mulheres muito bonitas, umas com mais outras com menos inspiração, mas todas elas com uma enorme vontade de aprender e aperfeiçoar um dom que a cada uma pertence. E só por isso, e porque até consegui ir dar um beijinho e matar as saudades do “meu” casal catita da Mercearia do Colégio, valeu a pena!

Bem hajam!

 

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