O tempo é de férias e as notícias não abundam… Não fosse a situação da Grécia, o início envergonhado da campanha eleitoral e a vinda das low cost para a Ilha Terceira, pouco ou nada me faria tirar a cabeça da areia. Mas já que tirei, permitam-me algumas considerações sobre cada um destes temas.
Não faltam por ai especialistas da política europeia, todos saberão por certo mais do que eu e terão até a capacidade de fundamentar de forma credível (mas não isenta) a sua opinião relativamente à situação da Grécia, eu fico-me pela opinião isenta de quem unicamente vem assistindo de bancada ao comportamento da (des)União Europeia. E é exatamente com base nesta isenção que considero que quem pede o que quer que seja emprestado tem o dever de devolver ou pagar, assim como que empresta tem o direito de exigir que lhe seja ressarcido o respetivo empréstimo. Contudo, trocando tudo isto por miúdos, o que não me parece correto é que quem empresta exija a devolução do que lhe é devido, acrescido de juros descabidos, quando é do conhecimento deste que o devedor só conseguirá cumprir o pagamento à custa de inúmeras medidas de austeridade, ainda piores do que aquelas que foram exigidas a Portugal. Dito de uma forma ainda mais acriançada, se eu empresto dinheiro a alguém, porque me solidarizo com a fragilidade alheia, jamais seria capaz de cobrar esse empréstimo se para isso deixasse alguém a passar fome ou quaisquer outras dificuldades. Replicando este cenário minimalista para a situação da Grécia, não consigo entender a frieza, a arrogância, a prepotência, com que se chantageia um povo que é a parte integrante desta nossa (des)União Europeia.
Relativamente à campanha eleitoral que se avizinha, devo confessar que tenho momentos em que preferia não ver nem ouvir a troca de galhardetes dos diversos partidos políticos, mas dizem-me que é isto a política, que é tudo uma questão de estratégia. Pois para mm é exatamente essa estratégia cega, que não olha a meios para atingir os fins, que afasta cada vez mais o comum dos cidadãos da política, ou pelo menos os cidadão que primam pela humildade de reconhecer que nem sempre o seu adversário falha, também tem vezes que ganha e todos nós teríamos a ganhar se de vez em quando houvesse esse reconhecimento e até mesmo alguma cooperação. Provavelmente será uma visão utópica, mas eu ainda acredito que é possível fazer política de outra forma, que não a do constante “bota abaixo”.
Por último e não menos importante, foi com um sorriso estampado no rosto que recebi a notícia de que as low cost se preparam para entrar na Ilha Terceira. Mas de quem foi afinal esta conquista? Não tenho de facto dúvidas de quem foi o pai da criança, mas francamente acho que isso é o que menos importa aos açorianos, especialmente aos Terceirenses. Para uma Ilha que se viu a braços com a redução drástica do efetivo da Base das Lajes, que perdeu em todas as frentes relativamente ao desenvolvimento económico da Ilha, que viu o desemprego aumentar consideravelmente, que se sentiu usada e abandonada num espaço tão curto de tempo, o importante mesmo é saber que de ora em diante serão também uma porta privilegiada para a entrada de turistas, que consequentemente irá devolver a esta Ilha aquilo que lhes roubaram! Ao(s) mentor(es) desta conquista, endereço o meu sincero bem-haja, quanto à ilha Terceira faço votos de que este seja o início de uma nova era!