Filho és, pai serás!

GetAttachment Opinião de Silvina Silva

 

O número de casos de violência contra idosos aumentou em 2014, em Portugal, segundo dados do relatório anual da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV).

Em 2013 o número de casos era 774, passando, em 2014, para 852. De acordo com o documento, em média, todas as semanas, 16 idosos são vítimas de violência em Portugal. Estes números deveriam envergonhar-nos e demonstram-nos que a sociedade está ferida de princípios. Está doente.

A violência contra os idosos pode ser de variada índole, por exemplo, a nível financeiro, através de extorsões ou burlas; maus-tratos físicos e psicológicos, ofensas à integridade física e ameaças, entre outros.

Independentemente da crise económica e ou financeira, assistimos a uma grave crise de valores ou de princípios que colocam em causa a dignidade dos mais velhos, daqueles que contribuíram para o país e para o bem-estar das suas famílias.

Hoje é frequente abandonar os idosos nos hospitais, um abandono, maioritariamente realizado pelos próprios filhos, que um dia foram cuidados por aqueles que agora abandonam. Para estes, que abandonam ou maltratam, os mais velhos são um estorvo e dão trabalho. Infelizmente esquecem-se que um dia também irão envelhecer, terão igualmente cabelos brancos e a pele enrugada.

Os idosos, aqueles que um dia cuidaram de nós, são, muitas vezes, esquecidos e deixados à sua sorte por uma sociedade demasiado ocupada e egocêntrica.

Com a crise, alguns optam por acolher os mais velhos em casa. No entanto, é a possibilidade de usufruir de uma pensão que os motivam a albergar os idosos nas suas casas, enquanto os maus-tratos continuam entre quatro paredes.

Felizmente, há ainda pessoas que respeitam os mais velhos e sabem tratá-los com dignidade.

Apesar de a sociedade estar doente no que concerne a valores, existe uma rede de suporte social aos idosos que permite prestar apoio a estes, bem como à sua família. Esta medida visa ser um contributo para o bem-estar dos mais velhos, para a promoção de um envelhecimento ativo e saudável e de combate ao isolamento.

Atualmente, com a perda de valores, torna-se crucial o desenvolvimento de iniciativas intergeracionais, as quais têm vindo a ganhar enfoque nos últimos anos.

O voluntariado é outra forma de auxiliar, que, em bom rigor, exige amor, atenção, carinho e sacrifício porque não se trata de um passatempo. É uma missão.

A evolução ou grandeza de uma sociedade vê-se no modo como esta trata os seus indefesos, os mais frágeis.

Não se esqueçam, todos nós, se tivermos a oportunidade, iremos envelhecer. Por isso, lembrem-se desta frase popular: “Filho és, pai serás, assim como fizeres, assim acharás”.

 

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