Pescadores defendem paragem do esforço de pesca com rendimento garantido

pescagoraz01O presidente da Cooperativa Porto de Abrigo defende uma paragem do esforço de pesca nos Açores nos primeiros dois meses de 2016, mas com a condição de os pescadores serem compensados com o salário mínimo.

“Já se fez planos de recuperação da pesca em Portugal, como em vários outros países. Neste momento, existem de certeza nalgumas partes em Espanha ou em França. O critério é o salário mínimo nacional”, declarou Liberato Fernandes, numa conferência de imprensa realizada em Ponta Delgada, ilha de São Miguel.

O esforço de pesca das frotas é determinado através do estabelecimento de quotas por parte da União Europeia para os diferentes Estados-membros e respetivas regiões e para as diferentes espécies de peixe, visando evitar esgotar os ‘stocks’ existentes e manter uma pesca sustentável em águas comunitárias.

O dirigente da associação considera que só desta forma se poderá responder à “situação de emergência” que se vive no setor em termos sociais, frisando que está fora de questão haver uma paragem na pesca se os pescadores não forem compensados financeiramente.

A proposta da Cooperativa Porto de Abrigo surge na sequência de um documento que foi apresentado no Conselho Regional das Pescas, a 30 de abril, com propostas para o futuro das pescas. O documento, apresentado pelo secretário regional do Mar, Ciência e Tecnologia e denominado “Melhor pesca, mais rendimento”, aguarda agora parecer por parte dos agentes do setor.

No caso específico do goraz – cuja quota foi revista em baixa, este ano, para os Açores, pela Comissão Europeia, e que constitui uma das espécies com maior valor comercial -, Liberato Fernandes defendeu a reorientação do esforço de pesca para outras espécies, mas nas ilhas onde os níveis de execução já foram ultrapassados ou em vias de o serem.

O dirigente das pescas exemplificou com os casos das Flores, Graciosa, Pico e Santa Maria.

“Neste momento, o goraz tem a quota executada em mais de 60%. Igual situação ocorre com o alfonsim e o imperador. Não é possível pescar atum rabilo”, declarou o responsável, indicando que um plano de salvaguarda abrangente só se justifica em relação ao goraz e algumas espécies demersais com captura associada.

A Cooperativa Porto de Abrigo defende a necessidade de criar mecanismos de defesa dos preços de primeira venda, bem como um plano plurianual que contemple a recuperação de recursos com a diminuição do esforço de pesca, parando a frota em regime rotativo.

Liberato Fernandes considerou ainda ser urgente a elaboração de um plano de diminuição de capturas de espécies demersais costeiras que abranja a pesca lúdica desportiva, que representa quatro mil toneladas por ano.

O dirigente lamentou que, apesar de há cerca de 20 anos haver planos com sustentação científica que apontam para a necessidade de gerir o esforço de pesca nos Açores, os sucessivos governos os tenham “colocado debaixo da gaveta”.

“Nós, pescadores, não podemos ser os bodes expiatórios da má governação da pesca”, declarou.

A Porto de Abrigo quer uma aposta nas atividades turísticas ligadas ao mar que podem desenvolver as comunidades piscatórias e na orla marítima, por forma a gerar emprego a curto prazo e riqueza.

Liberato Fernandes anunciou, por outro lado, que pretende reunir-se com o presidente do Governo dos Açores, o secretário regional do Mar e os partidos com assento no parlamento regional visando rever legislação no quadro das pescas que considera essencial.

 

 

Foto: Direitos Reservados

Lusa/+central

 

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