Projeto de barco-escola nos Açores pretende reabilitar memória viva

1415872_541218839294322_2012864431_nA Associação para a Defesa do Património Marítimo dos Açores quer voltar a por a navegar o “Maria Eugénia”, uma das últimas memórias vivas da construção naval açoriana, e transformá-lo num barco-escola.

“A nossa ideia era e é pôr o barco a navegar à vela e transformá-lo num barco escola para treino no mar das nossas crianças, da nossa juventude, no sentido de ensinar a atividade marítima”, afirmou o presidente da associação, Carlos Bulhão Pato, em declarações à Lusa, acrescentando que a embarcação está parada desde 1990.

A associação, segundo disse, “fundou-se basicamente em torno da aquisição do Maria Eugénia” e o propósito de preservar esta “memória da história da cabotagem à vela” entre as ilhas e adaptá-lo a barco-escola.

Carlos Bulhão Pato disse que o “Maria Eugénia” será muito provavelmente o único sobrevivente entre todas as embarcações de cabotagem à vela, já que o “Senhora da Guia” está nas Flores “a apodrecer”.

Construído nos Estaleiros de Santo Amaro, na ilha do Pico, nos anos de 1920, para um armador graciosence, o “Maria Eugénia” esteve durante muitos anos ao serviço da cabotagem entre as ilhas, desde a Graciosa para Terceira, São Miguel e Santa Maria.

“Posteriormente, foi vendido para São Miguel e veio para o grupo oriental, mas continuou a fazer viagens no grupo central. Mas, acabaria depois por ser vendido para a [conserveira] Corretora para apoio à frota do atum e continuou a fazer viagens de carga São Miguel/Santa Maria e grupo central”, acrescentou Carlos Bulhão Pato.

O presidente da associação explicou que uma primeira fase já permitiu o restauro do casco, ao abrigo de verbas provenientes do programa comunitário Interreg III, mas devido “ao estado de degradação, o orçamento disponível foi todo gasto naquela recuperação”.

Assim, está por concluir a recuperação dos “mastros, velas, motor e equipamentos de segurança”.

“Ficámos parados cerca de dois anos”, explicou Carlos Bulhão Pato, indicando que a associação pretende agora candidatar o resto da recuperação do barco a fundos europeus no âmbito do novo Quadro Comunitário.

A associação vai também apresentar no próximo dia 15 de maio o projeto do barco-escola à comunidade, em Ponta Delgada, numa sessão no clube naval.

Carlos Bulhão Pato frisou que a ideia é dar “fôlego” ao projeto, angariando verbas junto de sócios e simpatizantes por forma a garantir um fundo de maneio necessário para o projeto e candidatá-lo a apoios comunitários, mas tendo “a certeza de que o projeto é aceite a nível regional”.

Após a sua recuperação, o “Maria Eugénia” estará capaz de realizar viagens pelos Açores com alunos de escolas e associações ou até “deslocações para fora das ilhas”.

Além de recuperar uma peça do património naval construído na região e da navegação de cabotagem entre as ilhas, o projeto da Associação para a Defesa do Património Marítimo dos Açores pretende também criar uma “escola flutuante”.

“Será um barco que estará preparado para receber formandos. Quem entrar a bordo além e desemprenhar tarefas da navegação, terá também atividades letivas. Estas ilhas estão cheias de história, fortes e fortalezas. Não faltam temas específicos do mar que poderão ser tratados a bordo. E depois temos a biologia, os cetáceos, as aves marinhas ou a orla costeira”, frisou.

 

 

Foto: Direitos Reservados

Lusa/+central

 

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